“Louca para ser livre. Palavras mortas. Ninguém se liberta só com palavras. Ela ficou aqui na casa, sonhando com uma liberdade sempre adiada. Um dia, eu lhe disse: Ao diabo com os sonhos: ou a gente age, ou a morte de repente nos cutuca, e não há sonho na morte. Todos os sonhos estão aqui, eu dizia, e ela me olhava, cheia de palavras guardadas, ansiosa por falar. (...)
Naquela época, tentei, em vão, escrever outras linhas. Mas as palavras parecem esperar a morte e o esquecimento; permanecem soterradas, petrificadas, em estado latente, para depois, em lenta combustão, acenderem em nós o desejo de contar passagens que o tempo dissipou. E o tempo, que nos faz esquecer, também é cúmplice delas. Só o tempo transforma nossos sentimentos em palavras mais verdadeiras, disse Halim durante uma conversa, quando usou muito o lenço para enxugar o suor do calor e da raiva ao ver a esposa enredada ao filho caçula. (...) Alguns dos nossos desejos só se cumprem no outro, os pesadelos pertencem a nós mesmos.” Milton Hatoum
É tanta mistura de sentimentos que uma vida inteira é pouco para tudo se sentir...viver intensamente esse é o segredo! O tempo não para, nem tão pouco ameniza....o tempo apenas passa e vai deixando tudo meio longe de nos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário